Se
Monteiro Lobato foi feliz em sua frase ao afirmar que uma nação se constrói de
homens e livros, então não seria radicalismo afirmar que nosso município não
pode ser visto com sentimentos de nacionalidade.
Dia
desses, em uma de minhas visitas semanais a tímida biblioteca municipal,
encontrei uma criança de não menos 10 anos de idade, ela folheava um livro com interesse
apenas nas figuras. Curioso, perguntei-lhe se já havia lido o livro que ela
detinha nas mãos. O garotinho respondeu com palavras eivadas de timidez, “Eu não sei ler, nem eu nem meus
coleguinhas. Agente vem pra cá para ver as figuras dos livros.” Era
possível ver que o garoto, embora com apenas 10 anos, tinha mais vergonha da
sua condição do que quem está nos patamares que detém a responsabilidade de
erradicar essa mazela social. Se nossa base educacional está assim, fica fácil
compreender o estado atual do município e, consequentemente, fazer uma
previsão, infelizmente pessimista, do seu futuro.
Abrir
uma biblioteca no município apenas viabiliza livros para quem já possui o
hábito de ler, mas está longe de resolver o problema exposto no título desse
texto. É preciso, e isso não custa caro, criar políticas de incentivo a
leitura, e, a meu ver, uma ótima opção seria o ato de contar histórias. Será
que seria impossível aos cofres da Secretaria de Educação disponibilizar um
servidor qualificado para, ao menos duas vezes na semana, reunir crianças na
biblioteca municipal e através de uma leitura contagiante e estimulante
passar-lhes esse hábito tão salutar e norteador?
Ler
faz bem a alma, liberta da alienação e transforma o ser político, responsável e
consciente do seu papel na formação de uma sociedade coletiva, plural, justa e
fraterna. A leitura desenvolve no leitor uma consciência crítica do ambiente em
que habita. Aqueles que têm o prazer de ler vivem em processo contínuo de
transformação tanto quanto pessoa humana, como ser político, ser social e,
agente indutor e participativo nos destinos da sociedade. Não é possível ser adepto
à leitura e, simultaneamente, estar alheios aos acontecimentos trágicos como
violação dos direitos fundamentais da cidadania, exploração do homem pelo
homem, exclusão, agressão e degradação do ecossistema.
Por
tudo isso, exigir melhoras na educação sem o incentivo à leitura é o mesmo que
dar um tiro na sanidade mental; é um absurdo relatado.
Postado por João Bráz
Por Hugo Brito
Jordão –AC, 22-10-2012
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