segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O Jordão não Lê!


Se Monteiro Lobato foi feliz em sua frase ao afirmar que uma nação se constrói de homens e livros, então não seria radicalismo afirmar que nosso município não pode ser visto com sentimentos de nacionalidade.

Dia desses, em uma de minhas visitas semanais a tímida biblioteca municipal, encontrei uma criança de não menos 10 anos de idade, ela folheava um livro com interesse apenas nas figuras. Curioso, perguntei-lhe se já havia lido o livro que ela detinha nas mãos. O garotinho respondeu com palavras eivadas de timidez, “Eu não sei ler, nem eu nem meus coleguinhas. Agente vem pra cá para ver as figuras dos livros.” Era possível ver que o garoto, embora com apenas 10 anos, tinha mais vergonha da sua condição do que quem está nos patamares que detém a responsabilidade de erradicar essa mazela social. Se nossa base educacional está assim, fica fácil compreender o estado atual do município e, consequentemente, fazer uma previsão, infelizmente pessimista, do seu futuro.

Abrir uma biblioteca no município apenas viabiliza livros para quem já possui o hábito de ler, mas está longe de resolver o problema exposto no título desse texto. É preciso, e isso não custa caro, criar políticas de incentivo a leitura, e, a meu ver, uma ótima opção seria o ato de contar histórias. Será que seria impossível aos cofres da Secretaria de Educação disponibilizar um servidor qualificado para, ao menos duas vezes na semana, reunir crianças na biblioteca municipal e através de uma leitura contagiante e estimulante passar-lhes esse hábito tão salutar e norteador?    

Ler faz bem a alma, liberta da alienação e transforma o ser político, responsável e consciente do seu papel na formação de uma sociedade coletiva, plural, justa e fraterna. A leitura desenvolve no leitor uma consciência crítica do ambiente em que habita. Aqueles que têm o prazer de ler vivem em processo contínuo de transformação tanto quanto pessoa humana, como ser político, ser social e, agente indutor e participativo nos destinos da sociedade. Não é possível ser adepto à leitura e, simultaneamente, estar alheios aos acontecimentos trágicos como violação dos direitos fundamentais da cidadania, exploração do homem pelo homem, exclusão, agressão e degradação do ecossistema.

Por tudo isso, exigir melhoras na educação sem o incentivo à leitura é o mesmo que dar um tiro na sanidade mental; é um absurdo relatado.

Postado por João Bráz

Por Hugo Brito
Jordão –AC, 22-10-2012

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