Quando o leito natural de um rio ou córrego
recebe uma quantidade de água oriunda da chuva que seja maior do que sua
capacidade de recebê-la, acaba transbordando e provocando uma enchente.
Este é um processo natural e todo rio
necessita de uma área onde a água possa escoar. Geralmente nessas áreas de
inundação, muitas pessoas ergueram suas moradias e o rio transborda, alagando
as casas.
A primeira imagem que vem à cabeça da maioria
das pessoas quando se fala em enchente é a de destruição e prejuízos. Em Rio
Branco, não é diferente. Todos os anos, durante o período do inverno amazônico,
um mesmo cenário se repete: as águas do Rio Acre transbordam e centenas de
famílias ficam desabrigadas. Ano passado 30 bairros foram atingidos.
Na medição realizada das 9h de ontem, o nível
do rio estava em 14,74 m. Mais de 380 famílias ainda estão desabrigadas,
totalizando 1.942 pessoas. Destas, 678 são crianças.
Clarinha Castro, 60 anos, nem lembra mais
quantas vezes sua residência alagou, localizada no bairro Airton Sena. “Perdi
as contas de quantas vezes a minha casa foi alagada. Quando alaga, fica
péssimo. Na última, quase a minha casa caiu. Não sei se desta vez irá aguentar.
Muitas vezes perdi meus eletrodomésticos”.
A dona de casa afirmou que fez a inscrição no
programa Minha Casa, Minha Vida, mas nunca foi contemplada. “Já me inscrevi no
programa habitacional, mas nunca fui chamada. Tenho muita vontade de sair de lá
e não passar mais esse sofrimento. Moro sozinha, quando isso acontece dependo
da ajuda dos vizinhos. Tenho fé que um dia eu consiga morar em outro lugar”.
Graças à Deus consegui tirar as poucas coisas
que eu tenho. Vivo em muita dificuldade. Minha família é grande, tenho muitos
netos. Recebi todos em minha casa, não vou deixá-los na rua sofrendo. Todos
dependem de mim. Quero muito morar em outro local, é ruim passar por isso todo
ano. Infelizmente minhas condições financeiras não deixam eu me mudar. A nossa
única renda é da aposentadoria do meu marido, que é deficiente visual”.
Jornal a gazeta
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