As benesses oferecidas
pelo plano de saúde do Senado, pago exclusivamente com dinheiro do
contribuinte, são estendidas até mesmo a senadores que foram cassados por
suspeita de envolvimento em corrupção.
Documentos obtidos pelo
portal Estado mostram que nas tabelas de reembolso constam três notas fiscais
apresentadas em nome do ex-senador Demóstenes Torres que somadas chegam a R$
5.362,80. Na planilha a data referente aos recibos é de 20 de dezembro de 2012,
cerca de seis meses após o parlamentar ter perdido o mandato no plenário da
Casa por quebra de decoro. Outro caso de político que deixou o cargo sob
suspeita de desvios é o do ex-senador Expedito Júnior (PSDB-RO).
O tucano teve o mandato
cassado pela Justiça Eleitoral sob acusação de compra de votos e abuso de poder
econômico nas eleições de 2006. Em junho de 2009 a decisão foi confirmada pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e em outubro do mesmo ano pelo STF.
Júnior foi reembolsado em
R$ 19.238,6 pelo Senado após apresentar em junho de 2012 notas referentes a um
tratamento médico e odontológico para ele e a esposa. O ex-senador Demóstenes
foi procurado, mas os dois celulares que habitualmente utiliza estavam fora de
área de cobertura.
Plano ‘muito melhor’
O plano de saúde vitalício
da Casa também agracia ex-senadores e cônjuges que ocupam cargos públicos em
órgãos que oferecem plano médico. O deputado federal Francisco Escórcio
(PMDB-MA) em 2011 apresentou ao Senado três notas que totalizam R$ 1.800.
“Utilizei até 2011 porque não tinha uma definição, que era feita por mim. Ou
podia usar a Câmara ou o Senado. Não tinha nenhuma determinação contrária a
isso. Preferi o plano de saúde do Senado, que era muito melhor do que o da
Câmara. Mas hoje só uso a Câmara”, afirma o peemedebista.
O deputado federal
Esperidião Amin (PP-SC) também recorreu ao Senado para o pagamento de R$ 15 mil
referentes a tratamentos médicos e odontológicos dele e da mulher, Angela Amin.
“Se o ex-senador tem direito, por que o ex-senador investido momentaneamente em
um mandato de deputado federal perde o direito?”, ponderou Amin. “Eu digo que
tenho o direito. E desafio, como advogado, que alguém escreva que eu não tenha.
Quero ver escrever”.
Os documentos também
mostram que há casos em que algumas mulheres de senadores, mesmo no cargo de
deputadas federais, também preferem ser atendidas no plano do Senado. Entre
março de 2012 e setembro de 2013, a deputada federal Janete Capiberibe (PSB-AP)
fez despesas em hospitais e clínicas de referência no país que chegam a somar
R$ 18 mil. Janete é casada como o senador João Capiberibe (PSB-AP).
Por meio da assessoria, a
deputada informou que só faz uso da assistência à saúde do Senado quando o
procedimento não pode ser feito no Departamento Médico da Câmara ou quando seu
plano particular não cobre.
De 2010 a até setembro de
2013, a deputada Nice Lobão (PSD-MA) gastou R$ 9 mil como dependente do marido
e ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que é senador licenciado. Em nota,
a assessoria do ministro afirma que o ressarcimento de despesas médicas de Nice
está de acordo com a legislação.
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