Embora os índios sejam considerados mais protegidos dentro de suas
terras, onde é maior o percentual daqueles que ainda têm língua própria e são
capazes de reconhecer a própria etnia, o analfabetismo é considerado elevado
dentro das aldeias, conforme constatou hoje (10) o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Dados do censo de 2010 revelam
que a taxa de analfabetismo dos índios com 15 anos ou mais de idade (em
português ou no idioma indígena) passou de 26,1% para 23,3%, de 2000 a 2010,
acompanhando a redução da taxa entre a população brasileira (de 12,9% para
9,6%). Na área rural, porém, dentro das aldeias, três em cada dez índios são
analfabetos (32,4%). Fora delas, o percentual é 15%.
Na avaliação do estudioso da
população indígena e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), João Pacheco Oliveira, a divergência de dados revela a necessidade de
mais políticas públicas de educação focadas na diversidade dos povos. Segundo
ele, sem escolas indígenas nas aldeias, crianças enfrentam processo “traumático
de aprendizado".
"É uma situação
completamente traumática aprender a escrever em uma outra língua sem dominá-la.
Por isso, o processo é mais lento, mesmo nas escolas indígenas. Os que estão
fora vão para as escolas dos 'brancos' e se incorporam do jeito que é
possível", destacou acrescentando que o analfabetismo é uma categoria
etnocêntrica em relação aos índios.
A pesquisa do IBGE também
explica que fora das terras indígenas as oportunidades de educação são maiores
por causa da alta oferta de escolas. Por outro lado, nas aldeias, "a
oferta é sensivelmente reduzida em função de fatores, como o geográfico e a
dificuldade de acesso", afirma a publicação.
Outra diferença entre os índios
da cidade e do campo é o número daqueles com certidão de nascimento, 90,6% e
38,4%, respectivamente. Ao todo, a proporção de índios com registro civil é
67,8%, abaixo da média da população não índia que têm o documento, 98,4%.
Fonte Agencia Brasil.
Por João Brás.
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