O governador
Tião Viana fez uma viagem longa na manhã deste sábado, 31. Saindo de Rio
Branco, a comitiva do governo do Estado se dirigiu para Xapuri e em seguida
atravessou o Rio Acre em direção ao coração da Reserva Extrativista Chico
Mendes para um anúncio histórico: o investimento de R$ 28,5 milhões em todas as
reservas do estado. Serão projetos de geração de renda, mantendo a floresta de
pé e guiados pelo ideal do líder Chico Mendes. O ato foi celebrado na presença
de mil produtores rurais.
O grande investimento
é uma ação direta do governo do estado junto ao governo federal e instituições
de fomento como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o
KfWBankengruppe. Só para o manejo florestal dentro das reservas serão
destinados R$ 5 milhões, com o objetivo de inserir mil famílias no negócio.
Mais R$ 2 milhões serão destinados para o fortalecimento da produção local e R$
3 milhões entram em parceria com a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) para
pagamento adiantado dos coletores de látex para a fábrica de preservativos
Natex.
O lançamento
na Resex Chico Mendes foi simbólico não só por levar o nome do líder dos povos
da floresta, mas pelo aniversário de 24 anos da maior reserva do estado. “Nós fomos capazes de preservar o Acre que
acreditamos. É floresta em pé para gerar riqueza com o trabalho de preservação.
O Chico Mendes sonhou e da cabeça dele ninguém entendia. Já hoje chamamos todos
vocês para sonharem o futuro com a gente”, disse Tião Viana.
Luta e superação - Para viver numa reserva
extrativista é preciso ter o perfil extrativista. O morador e sua família devem
preencher requisitos específicos de que não organizarão atividades predatórias
e que suas vidas serão baseadas no extrativismo. Só a Resex Chico Mendes possuí
uma área de 970.570 hectares, abrangendo sete municípios. São 46 seringais e 76
núcleos de base, sendo a maior reserva do Estado, com mais de duas mil famílias
– cerca de 10 mil pessoas.
Dentro da
Resex encontramos um de seus moradores mais antigos e que representam a força
dos povos da floresta. Raimundo Barros, o Raimundão, se mudou para a reserva há
37 anos. “Estou feliz por receber aqui, na minha colocação, essas pessoas tão
queridas. Quando eu cheguei aqui, mais de 90% dos nossos companheiros não
sabiam nem ler, nem escrever, nem tinham registro. Hoje esse número é o
contrário”, conta Raimundão emocionado e afirmando com orgulho que sua renda
neste ano já foi de mais de R$ 6 mil só com a venda de castanha.
A administração
das reservas extrativistas do Brasil é feita diretamente pelo Instituto Chico
Mendes de Biodiversidade (ICMBio). O presidente do Instituto, Roberto Vizentin,
esteve no Acre e afirmou se orgulhar do modo como o governo do Acre cuida de
suas reservas. Segundo Roberto: “Nós temos mais de 50 reservas no Brasil afora e só uma se chama Chico
Mendes. E não podemos esquecer o legado deste homem. Eu não sei se temos no
Brasil um governo estadual como o do Acre, que procura o governo federal
primeiro para cuidar de suas reservas”.
A frente dos
convênios para o investimento, o secretário de Desenvolvimento Florestal, da
Indústria, do Comércio e dos serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães,
não conteve o orgulho perante a grande conquista para aqueles que tanto lutaram
na época dos empates de Chico Mendes. “Nós vamos realizar o sonho desses trabalhadores de uma vida melhor
dentro da floresta. O que nós estamos fazendo aqui é dando todos os
instrumentos para que essa turma possa trabalhar e preservar a floresta”,
disse Edvaldo.
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