A
economia do Estado do Acre sempre esteve baseada no extrativismo
vegetal, ancorado pela extração de látex, pela coleta de
castanha-do-brasil e pela extração de madeira. Esta economia tem
características bastante frágeis em decorrência da desestruturação do
sistema tradicional de produção de borracha, ainda o principal produto
do extrativismo, da falta de política de produção, de preços e de
mercados que estimulem o beneficiamento ou a industrialização dos
produtos na região, bem como da falta de conhecimento científico
direcionado à identificação do potencial de aproveitamento da região em
bases sustentáveis.
Neste
contexto, a elaboração de uma base de dados, que possibilite a
compreensão do sistema ambiental, subsidiaria o planejamento e a gestão
ambiental da Reserva Extrativista Chico Mendes visando a utilização
racional dos recursos naturais desta área.
A
fotografia mostra uma casa típica de uma família de seringueiros,
construída pelo próprio morador, com materiais provenientes da floresta;
o látex é beneficiado em "bola" ou em "folha fumada", como pode ser
visto na figura em primeiro plano.
A
Reserva Extrativista Chico Mendes está localizada no Estado do Acre,
Brasil entre as latitudes 10o 00'S e 11o 00'S e as longitudes 68o 00'Wgr
e 70o 00'Wgr, abrangendo 6 municípios: Rio Branco, Xapuri, Brasiléia,
Sena Madureira e Assis Brasil e Capixaba. É categorizada como uma
"Unidade de Conservação de Uso Sustentável". É a maior Reserva
Extrativista do Brasil, com uma área de 931.062 ha, com uma população
estimada em 9.000 habitantes, conferindo uma densidade demográfica de
0,9 hab/Km2; ao total são 1.500 famílias distribuídas em 48 seringais
com aproximadamente 1.100 colocações, cada uma delas tendo em média 672
ha (CNS,1992 , ALECHANDRE et al., 1999).
A metodologia de análise ambiental envolve o uso de um Sistema de Informações Geográfica (SIG-IDRISI e SIG-MAPINFO),
empregados para a realização do mapeamento da hidrografia, hipsometria,
modelo digital de elevação do terreno, clinografia, malha viária,
solos, ação antrópica, e uso do solo. Os elementos estruturais da
paisagem foram analisados dentro de três bacias hidrograficas (as dos
rios Acre, Xapuri e Iaco), identificadas a partir da análise do mapa de
hidrografia. Estas bacias de acordo com suas características
individuais foram divididas em 4 Unidades de Gerenciamento (UGs), que
foram utilizadas como unidade de estudo. A análise ambiental das UGs
permitiu interpretar as condições ambientais da área de estudo e em seu
entrono relacionadas aos aspectos sociais e interferências antrópicas.
Os
resultados do presente estudo, permitiram observar que a RECM possui
apenas 1% de área com ação antrópica, distribuídos de forma heterogênea,
geralmente associados à presença de colocações, enquanto que seu
entorno possui 16,73% de área com ação antrópica concentrados
principalmente na região Sul e Sudeste, com dois usos principais para o
solo, pecuária e agricultura itinerante (veja a figura abaixo). Deste
modo concluímos que a RECM vem cumprindo seu papel de Unidade de
conservação de Uso Sustentável, especialmente por sua grande extensão e
densidade demográfica, entretanto, seu entorno apresenta-se bastante
comprometido com os mais diversos tipos de atividades antrópicas,
sugerindo a necessidade urgente de se observar os preceitos legais para
utilização da zona de amortecimento, bem como o monitoramento constante
em relação à evolução da atividade antrópica em seu interior e entorno.
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