Está cada vez mais difícil de encontrar, mas ainda existem os que acreditam que o planeta não está esquentando – pelo contrário, está congelando –, embora as temperaturas tenham batido recordes seguidos de elevação, mês a mês, durante todo o ano de 2015.
Como não poderia ser diferente e como assenta a aritmética, o somatório de recordes mensais fez com que o ano de 2015 fosse o mais quente de nossas vidas, desde que se iniciaram as medições planetárias em 1880.
Os dados, acompanhados de um alerta de urgência para tomada de atitude, foram divulgados na última quarta-feira, dia 20 de janeiro de 2016, pelos órgãos americanos considerados excelência mundial no assunto: Nasa e Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, NOAA.
Para se ter uma ideia da gravidade que esses dados representam, a temperatura anual de 2015 aumentou em 0,90ºC, considerando a média do século XX. Ou seja, quase 1 grau acima da temperatura anual média observada no decorrer dos últimos 100 anos.
Os poucos que não acreditam na culpa da humanidade em relação ao aumento da temperatura, numa tentativa de desviar a atenção sobre o modelo de desenvolvimento atual, intensivo no uso de combustíveis fósseis (leia-se petróleo), haverão de jogar a responsabilidade sobre o fenômeno climático El Niño.
Sem embargo, os cientistas responsáveis pelas medições de temperatura são enfáticos quanto ao fato de que é simplesmente emergencial que a humanidade tome atitudes mais incisivas para reverter esse quadro – advertindo, inclusive, que o prazo estabelecido no histórico “Acordo de Paris”, assinado em 2015, pode ser intempestivo.
Conforme as metas assumidas pelos 192 países que assinaram o acordo (ou seja, praticamente o mundo todo), só a partir de 2030 seria levada a efeito uma série de intervenções, em especial as relacionadas à geração de energia sem petróleo, com vistas a impedir que o aquecimento do planeta chegue a 2 graus.
Os brasileiros, por exemplo, comprometemo-nos a zerar o desmatamento ilegal na Amazônia e a ampliar a participação de fontes renováveis de geração de energia elétrica na matriz energética nacional, com foco na construção de hidrelétricas e no plantio de florestas para biomassa.
Essas metas afetam, evidentemente, o cotidiano da Amazônia e situam os amazônidas no centro das discussões. Mas não se veem iniciativas dos governos estaduais para cumprimento do compromisso brasileiro. Por outro lado, a despeito de terem sido recebidas como ousadas em 2015, as metas de zerar o desmatamento ilegal e de construir hidrelétricas podem vir a ser consideradas irrelevantes em 2030. É aí que reside o principal alerta dos responsáveis pela medição de temperatura.
2015 foi o ano mais quente de nossas vidas. Diante de tão grave constatação, espera-se que as decisões reconheçam a dimensão do problema. Significa afirmar que o desmatamento ilegal deve ser zerado em tempo mais curto e, mais importante, o desmatamento legal urge ser igualmente reduzido a zero antes de 2030.
O consenso do “Acordo de Paris” não deixa espaço para dúvidas e discussões desnecessárias. O planeta está aquecendo, esse aquecimento causa tragédias como secas, alagações e tsunamis, o que põe em risco a vida das pessoas. Simples assim.
A superação da era do petróleo é um imperativo mundial; a Amazônia e nós, amazônidas, devemos dar a nossa contribuição, já!
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