Ação ocorre no Acre, Amazonas e Minas Gerais. Segundo
órgão, multas eram aplicadas a ‘laranjas’ e área desmatada é duas vezes maior
do que área urbana de Rio Branco.
Quinze pessoas foram presas e encaminhadas para a sede
da Polícia Federal do Acre, nesta quarta-feira (8), em uma operação contra
crimes ambientais cometidos por servidores do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Policiais Militares e
fazendeiros.
Os suspeitos são dos estados do Acre, Amazonas (AM) e
Minas Gerais (MG). Ao todo, estão sendo cumpridos 18 mandados de prisão
preventiva e 36 de busca e outras diligências. Os investigados somam R$ 147
milhões em multas do Ibama, referentes a 86 mil hectares da Floresta Amazônica.
A operação, denominada Ojuara, investiga crimes
praticados por grandes fazendeiros e, de acordo com a PF, os suspeitos invadiam
áreas de preservação para fazer o desmatamento e ameaçavam moradores. Eles
seriam protegidos por policiais militares do Amazonas, e conseguiam se livrar
das multas com ajuda de funcionários do Ibama, e com a ciência do
ex-superintendente do órgão no Acre.
Foram presos PMs do Amazonas, servidores do Ibama no
Acre, além de fazendeiros. Os demais mandados de prisão ainda estão sendo
cumpridos. As áreas de mata desmatadas eram para criação de gado, segundo a PF.
De acordo com as investigações que estão em andamento
desde 2017, a organização criminosa é responsável por extensos desmatamentos no
sul do Amazonas, lavagem de dinheiro e corrupção. A PF informou que alguns
servidores do Ibama, que estariam sendo liderados pelo ex-superintendente
regional do órgão no Acre, estavam recebendo vantagens indevidas para cometer
os crimes.
As multas por desmatamento, por exemplo, eram aplicadas
a ‘laranjas’ em substituição aos verdadeiros responsáveis, que repassavam
informações privilegiadas acerca das datas e locais das fiscalizações
ambientais e deixavam de apreender maquinário utilizado para desmatamentos.
Além disso, foi constatado o crime de grilagem na área.
Segundo as investigações, alguns pecuaristas invadiam terras da União,
comandavam desmatamentos e contratavam policiais militares para fazer a
proteção das máquinas e das áreas de desmatamento.
Os moradores dessa área eram expulsos e ameaçados.
Durante o período de investigação, uma tentativa de homicídio contra um pequeno
produtor foi registrada.
Ao longo dos últimos anos, os investigados foram alvo
de 169 autos de infração lavrados pelo Ibama, somando aproximadamente R$ 147
milhões em aplicação de multas, referente a uma área de 86 mil hectares, duas
vezes maior do que a área urbana de Rio Branco.
A Operação
São mais 180 policiais envolvidos na operação que
ocorre no Acre, Amazonas e Minas Gerais. O Exército também reforçou a ação. A
operação recebeu o nome de Ojuara, por ser tema de livro e filme brasileiros
que narram as aventuras do personagem, indivíduo que teria desafiado o Diabo,
fazendo referência ao codinome de um dos investigados.
G1 Acre
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