quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Análise: Manipulação da informação, a gente vê por aí.

Quem produz notícias pode até se fazer de rogado, mas sabe muito bem como empregar as palavras para manipular opiniões

Esses dias li uma manchete que dizia que 40% dos eleitores reprovam o governo de um político aí que desagrada a grande mídia. Quem será? Para os menos atentos a manipulação é imperceptível, mas quem escolhe de que forma dar a notícia sabe muito bem o que está fazendo.

Diante da mesma pesquisa, é possível optar por palavras que façam as pessoas receberem a notícia positiva ou negativamente e esse é um exemplo claro. Colocar na mesma frase o nome de um desafeto com a palavra “reprovam” é muito mais interessante do que usar a palavra aprovam. Por isso, mesmo que a maioria aprove, todo o foco vai para o fato de que 40% reprovam. Não é mentira, não é fake news, é apenas manipulação mesmo.

A imprensa trabalha com o poder da palavra e cada uma delas é muito bem selecionada. Não é à toa que o fogo na Califórnia é chamado de incêndio, enquanto o fogo no Pantanal é classificado como queimada. A mídia sabe que está diante de um leitor passivo, que acostumou a crer em tudo o que é dito sem nenhum senso crítico. Lembrando que senso crítico é totalmente diferente de crítica vazia. Enquanto o primeiro é raro, o segundo se encontra aos montes. As agências de notícia sabem que a maioria das pessoas não pondera, não checa e nem sequer pensa antes de ir para as redes sociais compartilhar a “manipulação do momento”.

Após o recente discurso do presidente na ONU, o que mais se viu nas redes sociais foram pessoas compartilhando “memes” questionando de onde o “Bozo” tirou a ideia de que o auxílio emergencial é de cerca de mil dólares. Muitos apenas riram, outros aproveitaram para xingar e muitos afirmaram ser mentira. Enquanto isso, poucos se deram ao trabalho de fazer uma operação matemática simples chamada multiplicação para ver que o valor está correto. Havia outras coisas para noticiar e até mesmo para criticar, mas nada como fazer as pessoas de bobas, não é mesmo?

Quando você for dirigir à noite, a primeira coisa que deve fazer depois de ligar o carro é acender os faróis. Da mesma forma, quando você for ler uma notícia, a primeira coisa que deve fazer depois de por os olhos nela, é ligar o cérebro. Essa guerra é desigual, pois enquanto quem faz a notícia é altamente treinado – e doutrinado – para manipular, quem lê não foi treinado para analisar com senso crítico, mas sim, para acreditar sem questionar e, se possível, compartilhar e influenciar mais pessoas.

Sair do ciclo da manipulação não é fácil, pois requer equilíbrio e racionalidade, mas na contramão desses requisitos, o que mais se propaga é a polarização e a emoção. Ainda assim, somos seres racionais e – por enquanto – conservamos nosso poder de escolha. Que cada um de nós saiba fazer jus ao livre arbítrio que recebeu.


Fonte: R7.com

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