sábado, 19 de setembro de 2020

A ESTRATÉGIA SECRETA PARA PROTEGER MINISTROS DO STF CONTRA A LAVA JATO.

Aqui está outro exemplo de que, muitas vezes, os destinos do país não são traçados à luz do dia. Desconhecer o que se passa nos bastidores do Poder é um risco para você. Mas você pode agir agora

 Caro leitor,

Em março do ano passado, o STF instaurou o polêmico “inquérito do fim do mundo” para, pretensamente, investigar notícias falsas, calúnias e ameaças que tivessem como alvo ministros da corte.

Essa era apenas o objetivo visível do inquérito — que, como se sabe, censurou reportagem da Crusoé que revelou que a Lava Jato tinha em mãos documento em que Marcelo Odebrecht informava o codinome pelo qual o ministro Dias Toffoli era conhecido dentro da empreiteira: “o amigo do amigo de meu pai”.

Você vai sabe agora como o inquérito — instaurado pelo próprio Dias Toffoli e tocado por Alexandre de Moraes — foi usado para atingir intenções jamais reveladas.

Apuração exclusiva dos repórteres Rodrigo Rangel e Luiz Vassallo revela que o “inquérito do fim do mundo” foi usado para apurar secretamente se a Lava Jato tinha ministros do STF na mira:

Leia um trecho da reportagem exclusiva:

Documentos sigilosos do inquérito mostram que, logo após vir a público o documento em que Marcelo Odebrecht dizia ser Dias Toffoli o “amigo do amigo de meu pai”, os encarregados do inquérito, por ordem de Alexandre, iniciaram uma corrida. Queriam descobrir o que mais tinha sobre Toffoli no material em poder da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, que havia tido acesso a e-mails até então inéditos trocados por executivos da Odebrecht…

Exatamente em 12 de abril de 2019, o dia da publicação da reportagem de capa de Crusoé que viria a ser censurada, nos autos do inquérito do fim do mundo o desembargador Cesar Mecchi Morales, magistrado a serviço do gabinete de Alexandre, despachou para Curitiba um ofício em que pedia ao delegado Filipe Pace, da Lava Jato, que remetesse para o STF uma cópia do inquérito onde estaria a mensagem relacionada a Toffoli. No documento, o magistrado dava ao delegado o prazo de 48 horas para enviar o material relacionado à investigação, “com todos os anexos, inclusive os sigilosos e termos de delação”. “Para preservar o caráter sigiloso do inquérito, solicito que a resposta seja encaminhada diretamente a este gabinete”, emendava o texto do despacho, enviado ao QG da Polícia Federal na capital paranaense.

Era sexta-feira, e aquele era um primeiro movimento do gabinete de Alexandre de Moraes para saber, por meio do polêmico inquérito, até que ponto ia a investigação e se dela poderiam constar fatos comprometedores em relação a Toffoli. O ministro, por óbvio, não era investigado, nem poderia ser. O que havia era a menção a seu nome no material. Conforme está registrado no anexo 2 do procedimento secreto sob a batuta de Alexandre, o delegado Pace enviou todo o material para Brasília no início da semana seguinte, em um pen drive, depois de levar a requisição do Supremo ao conhecimento do juiz do caso, Luiz Antônio Bonat. Bonat, claro, chancelou a remessa do material para o Supremo, realçando que alguns documentos dos autos estavam protegidos por “sigilo em maior grau de restrição”.

Razão de todo o frisson, o documento em que Marcelo Odebrecht dizia ser Toffoli o “amigo do amigo de meu pai” trazia para a história um personagem importante, Adriano Sá de Seixas Maia, ex-diretor jurídico da Odebrecht. No e-mail que levou ao questionamento, Marcelo perguntava a um outro diretor da empreiteira, com cópia para Maia: “Afinal vocês fecharam com o amigo do amigo de meu pai?”. No esclarecimento enviado à Polícia Federal, ele deu o contexto. “Refere-se a tratativas que Adriano Maia tinha com a AGU sobre temas envolvendo as hidrelétricas do rio Madeira. ‘Amigo do amigo de meu pai’ se refere a José Antonio Dias Toffoli. A natureza e o conteúdo dessas tratativas, porém, só podem ser devidamente esclarecidos por Adriano Maia, que as conduziu”, escreveu.

Assim como no depoimento em vídeo prestado em maio passado a procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República, Marcelo jogava para Adriano Maia a responsabilidade de explicar os detalhes do relacionamento da empreiteira com Dias Toffoli, que à altura da mensagem – julho de 2007 — era advogado-geral da União. Logo após a publicação da reportagem de Crusoé , Maia passou a ser freneticamente procurado pelo Supremo para prestar esclarecimento nos autos do inquérito do fim do mundo. Ao ouvi-lo, por óbvio, seria possível dirimir dúvidas sobre o potencial de dano que a história representava para Toffoli. Estaria Adriano disposto a causar embaraços para o ministro? Ele poderia estar agindo em linha com Marcelo Odebrecht? Teria dito algo comprometedor à Lava Jato? As perguntas pairavam no ar…

A reportagem exclusiva apresenta outras investidas do “inquérito do fim do mundo” para descobrir se a Lava Jato tinha mais informações acerca das altas autoridades da República.

O inquérito, diz a reportagem, “virou um instrumento de autoproteção” para que “as excelências soubessem, de antemão, se estavam expostas a riscos de outra ordem”.

Crusoé revelou quem é o “amigo do amigo de meu pai”…

Crusoé trouxe em primeira mão os vídeos em que Marcelo Odebrecht fala da relação de Dias Toffoli com as empreiteiras…

Crusoé revela agora quais as intenções ocultas do inquérito sigiloso que corre no STF.

Se você quer entender esta República — e preparar-se para o que virá pela frente –, precisa saber o que se passa nos bastidores do Poder.

Sua chance é agora:

Fonte: O antagonista

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