Aqui está outro exemplo de
que, muitas vezes, os destinos do país não são traçados à luz do dia.
Desconhecer o que se passa nos bastidores do Poder é um risco para você. Mas
você pode agir agora
Caro leitor,
Em março do ano passado, o STF
instaurou o polêmico “inquérito do fim do mundo” para, pretensamente,
investigar notícias falsas, calúnias e ameaças que tivessem como alvo ministros
da corte.
Essa era apenas o objetivo
visível do inquérito — que, como se sabe, censurou reportagem da Crusoé que
revelou que a Lava Jato tinha em mãos documento em que Marcelo Odebrecht
informava o codinome pelo qual o ministro Dias Toffoli era conhecido
dentro da empreiteira: “o amigo do amigo de meu pai”.
Você vai sabe agora como o
inquérito — instaurado pelo próprio Dias Toffoli e tocado por Alexandre de
Moraes — foi usado para atingir intenções jamais reveladas.
Apuração exclusiva dos
repórteres Rodrigo Rangel e Luiz Vassallo revela que o
“inquérito do fim do mundo” foi usado para apurar secretamente se a Lava Jato
tinha ministros do STF na mira:
Leia um trecho da reportagem
exclusiva:
Documentos sigilosos do
inquérito mostram que, logo após vir a público o documento em que Marcelo
Odebrecht dizia ser Dias Toffoli o “amigo do amigo de meu pai”, os encarregados
do inquérito, por ordem de Alexandre, iniciaram uma corrida. Queriam descobrir
o que mais tinha sobre Toffoli no material em poder da força-tarefa da Lava
Jato em Curitiba, que havia tido acesso a e-mails até então inéditos trocados
por executivos da Odebrecht…
Exatamente em 12 de abril de
2019, o dia da publicação da reportagem de capa de Crusoé que viria a
ser censurada, nos autos do inquérito do fim do mundo o desembargador Cesar
Mecchi Morales, magistrado a serviço do gabinete de Alexandre, despachou para
Curitiba um ofício em que pedia ao delegado Filipe Pace, da Lava Jato, que remetesse
para o STF uma cópia do inquérito onde estaria a mensagem relacionada a
Toffoli. No documento, o magistrado dava ao delegado o prazo de 48 horas para
enviar o material relacionado à investigação, “com todos os anexos, inclusive
os sigilosos e termos de delação”. “Para preservar o caráter sigiloso do
inquérito, solicito que a resposta seja encaminhada diretamente a este
gabinete”, emendava o texto do despacho, enviado ao QG da Polícia Federal na
capital paranaense.
Era sexta-feira, e aquele era
um primeiro movimento do gabinete de Alexandre de Moraes para saber, por meio
do polêmico inquérito, até que ponto ia a investigação e se dela poderiam
constar fatos comprometedores em relação a Toffoli. O ministro, por óbvio, não
era investigado, nem poderia ser. O que havia era a menção a seu nome no
material. Conforme está registrado no anexo 2 do procedimento secreto sob a
batuta de Alexandre, o delegado Pace enviou todo o material para Brasília no
início da semana seguinte, em um pen drive, depois de levar a requisição do
Supremo ao conhecimento do juiz do caso, Luiz Antônio Bonat. Bonat, claro,
chancelou a remessa do material para o Supremo, realçando que alguns documentos
dos autos estavam protegidos por “sigilo em maior grau de restrição”.
Razão de todo o frisson, o
documento em que Marcelo Odebrecht dizia ser Toffoli o “amigo do amigo de meu
pai” trazia para a história um personagem importante, Adriano Sá de Seixas
Maia, ex-diretor jurídico da Odebrecht. No e-mail que levou ao questionamento,
Marcelo perguntava a um outro diretor da empreiteira, com cópia para Maia:
“Afinal vocês fecharam com o amigo do amigo de meu pai?”. No esclarecimento
enviado à Polícia Federal, ele deu o contexto. “Refere-se a tratativas que
Adriano Maia tinha com a AGU sobre temas envolvendo as hidrelétricas do rio
Madeira. ‘Amigo do amigo de meu pai’ se refere a José Antonio Dias Toffoli. A
natureza e o conteúdo dessas tratativas, porém, só podem ser devidamente
esclarecidos por Adriano Maia, que as conduziu”, escreveu.
Assim como no depoimento em
vídeo prestado em maio passado a procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato
na Procuradoria-Geral da República, Marcelo jogava para Adriano Maia a
responsabilidade de explicar os detalhes do relacionamento da empreiteira com
Dias Toffoli, que à altura da mensagem – julho de 2007 — era advogado-geral da
União. Logo após a publicação da reportagem de Crusoé , Maia passou a ser
freneticamente procurado pelo Supremo para prestar esclarecimento nos autos do
inquérito do fim do mundo. Ao ouvi-lo, por óbvio, seria possível dirimir
dúvidas sobre o potencial de dano que a história representava para Toffoli.
Estaria Adriano disposto a causar embaraços para o ministro? Ele poderia estar
agindo em linha com Marcelo Odebrecht? Teria dito algo comprometedor à Lava
Jato? As perguntas pairavam no ar…
A reportagem exclusiva
apresenta outras investidas do “inquérito do fim do mundo” para descobrir se a
Lava Jato tinha mais informações acerca das altas autoridades da República.
O inquérito, diz a reportagem,
“virou um instrumento de autoproteção” para que “as excelências soubessem, de
antemão, se estavam expostas a riscos de outra ordem”.
Crusoé revelou quem é o
“amigo do amigo de meu pai”…
Crusoé trouxe em primeira
mão os vídeos em que Marcelo Odebrecht fala da relação de Dias Toffoli com as
empreiteiras…
Crusoé revela agora quais
as intenções ocultas do inquérito sigiloso que corre no STF.
Se você quer entender esta
República — e preparar-se para o que virá pela frente –, precisa saber o que se
passa nos bastidores do Poder.
Sua chance é agora:
Fonte: O antagonista