sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Palocci diz que Lula sabia que seria alvo de fase da Lava Jato


 
O ex-ministro Antonio Palocci disse em delação premiada que o ex-presidente Lula tinha a informação de que que seria deflagrada a 24ª fase da operação Lava Jato, na qual foi conduzido coercitivamente, em 4 de março de 2016.

O depoimento (eis a íntegra) foi realizado no âmbito de investigação que apura o vazamento dessa fase da operação.
Segundo Palocci, o presidente e uma assessora do Instituto Lula, Paulo Okamoto e Clara Ant, ficaram sabendo que haveria uma operação contra o ex-presidente. Eles não sabiam, no entanto, se seria cumprida prisão ou condução coercitiva de Lula.

De acordo com o ex-ministro, Okamoto informou que ao saber da operação teria “feito uma limpa” na casa em Atibaia (SP), assim como Clara fez em sua residência. Palocci disse ainda que ambos lamentaram o fato de que Lula não tenha feito o mesmo e que por isso foram encontrados documentos comprometedores na casa do ex-presidente e no sítio em Atibaia.

Ainda segundo Palocci, documentos importantes não foram aprendidos na sede do Instituto Lula e na casa de assessores do ex-presidente do local.

O ex-ministro disse que tratou com Clara Ant sobre 1 HD que ela tinha, no qual estavam guardados registros de todas as reuniões oficiais feitas por Lula nos 2 governos. Segundo Palocci, a assessora disse ter tido o cuidado de guardar em outro lugar e, por isso, não foi levado pela polícia.

O QUE DIZEM OS CITADOS

Em nota, a defesa de Antonio Palocci disse que ele continuará colaborando de “modo amplo e irrestrito” com a Justiça.

O advogado de defesa de Paulo Okamotto, Fernando Augusto Fernandes, afirmou que “as alegações de Antonio Palocci sobre Paulo Okamotto são inverídicas. Suas acusações não trazem consigo nenhum elemento probatório e, evidentemente, são formulações com o objetivo de obter benefícios judiciais e financeiros”.

VAZAMENTO DA INFORMAÇÃO

De acordo com as investigações da PF (Polícia Federal), a auditora da Receita Federal Rosicler Veigel, que atuava na força-tarefa da Lava Jato, disse que em fevereiro de 2016 contou ao então namorado, o jornalista Francisco José de Abreu Duarte, que uma “bomba” relacionada ao ex-presidente Lula estava prestes a “estourar”.

Rosicler Veigel disse que naquela ocasião tinha levado para casa cópias das decisões que teve acesso, sobre a operação em que Lula seria alvo. No entanto, negou que tenha entregue os documentos a Abreu. A auditora disse que foi ele quem retirou os documentos da bolsa, sem que ela soubesse.

Outro jornalista –Eduardo Guimarães– também foi investigado por ter passado ou não a informação a Lula.

REFORMAS NO SÍTIO DE ATIBAIA

Na 4ª feira (6.fev), o ex-presidente Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP).
No depoimento, Palocci afirma ainda que, em 2016, o ex-presidente Lula o chamou e perguntou se ele poderia assumir o pagamento das reformas feitas no sítio.

O ex-ministro disse que negou por 2 motivos:
porque achava que a polícia descobriria;
pelo fato de que não houve grandes saques em espécie, não tendo o como justificar os pagamentos das reformas.

Ao negar o pedido de Lula, Palocci disse que indicou ao ex-presidente que procurasse Paulo Okamoto. Este teria insistido para que o ex-ministro assumisse os pagamentos.

Segundo Palocci, após negar novamente o pedido, o presidente do Instituto Lula o perguntou se ele poderia buscar outro empresário para assumir as reformas.

O ex-ministro disse que Okamoto chegou a procurar executivos da OAS e Odebrecht, que teriam afirmado ser melhor não assumir publicamente a responsabilidade pelas reformas, pois os valores empregados eram de caixa 2.

O Poder360 tenta contato com os citados, mas até o momento da publicação não tinha recebido respostas.

Fonte: MSN-Brasil

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