O ex-ministro Antonio Palocci disse em
delação premiada que o ex-presidente Lula tinha a informação de que que seria deflagrada a
24ª fase da operação Lava Jato, na qual foi conduzido coercitivamente, em 4 de
março de 2016.
O depoimento (eis a íntegra) foi realizado
no âmbito de investigação que apura o vazamento dessa fase da operação.
Segundo Palocci, o presidente e uma
assessora do Instituto Lula, Paulo Okamoto e Clara Ant, ficaram sabendo que
haveria uma operação contra o ex-presidente. Eles não sabiam, no entanto, se
seria cumprida prisão ou condução coercitiva de Lula.
De acordo com o ex-ministro, Okamoto
informou que ao saber da operação teria “feito uma limpa” na casa em
Atibaia (SP), assim como Clara fez em sua residência. Palocci disse ainda que
ambos lamentaram o fato de que Lula não tenha feito o mesmo e que por isso
foram encontrados documentos comprometedores na casa do ex-presidente e no
sítio em Atibaia.
Ainda segundo Palocci, documentos
importantes não foram aprendidos na sede do Instituto Lula e na casa de
assessores do ex-presidente do local.
O ex-ministro disse que tratou com Clara
Ant sobre 1 HD que ela tinha, no qual estavam guardados registros de todas as
reuniões oficiais feitas por Lula nos 2 governos. Segundo Palocci, a assessora
disse ter tido o cuidado de guardar em outro lugar e, por isso, não foi levado
pela polícia.
O QUE DIZEM OS CITADOS
Em nota, a defesa de Antonio Palocci
disse que ele continuará colaborando de “modo amplo e irrestrito” com
a Justiça.
O advogado de defesa de Paulo Okamotto,
Fernando Augusto Fernandes, afirmou que “as alegações de Antonio Palocci
sobre Paulo Okamotto são inverídicas. Suas acusações não trazem consigo nenhum
elemento probatório e, evidentemente, são formulações com o objetivo de obter
benefícios judiciais e financeiros”.
VAZAMENTO DA INFORMAÇÃO
De acordo com as investigações da PF
(Polícia Federal), a auditora da Receita Federal Rosicler Veigel, que atuava na
força-tarefa da Lava Jato, disse que em fevereiro de 2016 contou ao então
namorado, o jornalista Francisco José de Abreu Duarte, que uma “bomba” relacionada
ao ex-presidente Lula estava prestes a “estourar”.
Rosicler Veigel disse que naquela ocasião
tinha levado para casa cópias das decisões que teve acesso, sobre a operação em
que Lula seria alvo. No entanto, negou que tenha entregue os documentos a
Abreu. A auditora disse que foi ele quem retirou os documentos da bolsa, sem
que ela soubesse.
Outro jornalista –Eduardo Guimarães– também foi investigado por ter passado
ou não a informação a Lula.
REFORMAS NO SÍTIO DE ATIBAIA
Na 4ª feira (6.fev), o ex-presidente
Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão, por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, no caso do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP).
No depoimento, Palocci afirma ainda que, em
2016, o ex-presidente Lula o chamou e perguntou se ele poderia assumir o
pagamento das reformas feitas no sítio.
O ex-ministro disse que negou por 2
motivos:
porque achava que a polícia descobriria;
pelo fato de que não houve grandes saques
em espécie, não tendo o como justificar os pagamentos das reformas.
Ao negar o pedido de Lula, Palocci disse
que indicou ao ex-presidente que procurasse Paulo Okamoto. Este teria insistido
para que o ex-ministro assumisse os pagamentos.
Segundo Palocci, após negar novamente o
pedido, o presidente do Instituto Lula o perguntou se ele poderia buscar outro
empresário para assumir as reformas.
O ex-ministro disse que Okamoto chegou a
procurar executivos da OAS e Odebrecht, que teriam afirmado ser melhor não
assumir publicamente a responsabilidade pelas reformas, pois os valores
empregados eram de caixa 2.
O Poder360 tenta contato com os
citados, mas até o momento da publicação não tinha recebido respostas.
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