Essa é a conclusão de um estudo de Boris
Gershman, da American University em Washington DC, publicado recentemente
no Journal of Development Economics. Ele utilizou dados de uma pesquisa de
opinião feita em 2008 e 2009 pelo centro Pew em 19 países da África subsaariana
sobre crenças e atitudes religiosas e temas políticos e sociais.
Na média, 57% acreditam em bruxaria, mas o
número chega a 96% em lugares como Tanzânia, e as taxas estão fortemente
correlacionado com o nível de confiança social. Essa relação continua
estatisticamente significativa mesmo quando se controla por outros fatores
(demográficos, históricos, climáticos, étnicos e outros) que poderiam
influenciar o resultado.
"A crença na bruxaria pode ter um
efeito adverso direto na confiança interpessoal e cooperação através de dois
grandes canais: ao cultivar o medo de serem enfeitiçados e espalhar o medo de
acusações de bruxaria", diz Gershman. E como a cooperação é extremamente
importante para coisas como o comércio e projetos coletivos, isso acaba tendo
consequências para a economia como um todo.
Gershman já havia investigado a relação entre desigualdade e olho
gordo. Em entrevista para EXAME.com, ele explica seu novo estudo:
EXAME.com - Quais são os mecanimos que
conectam a bruxaria com a economia? Boris Gershman - Na medida que a crença na
bruxaria erode as relações cooperativas na sociedade, também contribuem para a
redução da atividade econômica.
Alguém que acredita na bruxaria teria mais
cuidado e menos confiança nos outros já que alguns deles podem ter a habilidade
de causar dano de formas sobrenaturais. Pessoas em comunidades onde essa crença
é disseminada tenderão a evitar interações sociais e se engajar em projetos
cooperativos, já que poderão ser acusados de bruxaria se algo der errado e as
consequências disso podem ser severas, de destruição de propriedade até mesmo
morte.
Mas
então como enfraquecer esse tipo de crença e erosão da confiança?
Gershman - Tem uma parte da
literatura que mostra que valores, atitudes e crenças tendem a persistir ao
longo do tempo. No entanto, também há exemplos de mudanças rápidas em certos
aspectos da cultura. Uma forma de contribuir para essa mudança é através da
promoção de uma visão de mundo racional através da educação e da implementação
de programas pontuais que expliquem as causas naturais de infortúnios como
doenças e desastres naturais.
Além disso, a provisão de
oportunidades econômicas igualitárias para todos os membros da comunidade e
proteção dos mais vulneráveis também ajudaria a reduzir a ansiedade social e
prevenir situações onde acusações mútuas emergem, aliviando medos relacionados
a bruxaria.
MSN/Brasil
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